À espera de um milagre, ou de um ônibus

Sou moradora de Ponta Negra bem antes de me entender de gente, é justamente em todas as voltas para casa que contemplo a vista mais bonita da cidade, o Morro do Careca.
Porém, a volta para casa está me tirando do sério, está quase impossível pegar um ônibus para Ponta Negra depois das 18h, no Natal Shopping. Quando não passam direto, já sem capacidade para levar ninguém, os que param não conseguem comportar todo mundo que está na parada. Isso porque tem as opções do 26, 46, 54, 66, 73 e ainda o circular para Nova Parnamirim, via Maria Lacerda, muita opção até, se considerar para outros destinos. Em compensação, temos na Roberto Freire: a Facex, Nassau, UnP e FATERN.
Quantos mil alunos essas instituições tem somente à noite? Some agora aos moradores e demais usuários com destino à mesma região. Daria, com toda certeza, um bom trabalho de conclusão de curso para esses acadêmicos. Contabilizaríamos a quantidade de cursos, turmas e alunos desse período, de cada faculdade; quantos necessitam do serviço de transporte público diariamente ou ao menos uma vez por semana; quantos veículos estão disponíveis fazendo o trajeto pela via nesse turno. Enfim, se a situação está assim, é por falta de estudo prévio e atitudes não tomadas.
Eu, na minha humilde vontade penso em soluções para a melhoria do transporte público. Sugiro que os representantes dos centros de ensino procurem a Secretaria de Mobilidade Urbana, Semob, as empresas de transporte que rodam pela Avenida e o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal, Seturn, para pensarem numa solução rápida. A minha: adoção de circulares, como a UFRN tem, que por sinal também requer mais elaboração para o funcionamento, mas não cabe ao caso agora.
No entanto, como não se tratam de órgãos públicos, o lucro é necessário para sobrevivência de ambas, então, basta cobrar uma tarifa um pouco mais reduzida do que a normal, que de estudante é R$ 1,10. Poderia ser 70 ou 90 centavos para o aluno priorizar a escolha por esses circulares em troca da economia mensal. Com isso, as empresas viárias destinariam um percentual da frota para atender somente esses usuários, não podendo transportar os demais passageiros.
O que me chateia além da superlotação dos ônibus é o fato de perder 1h de vida todos os dias, sem produzir nada durante esse tempo. Na verdade hoje foi exceção, afinal pensei nesse texto enquanto sofria à espera de um ônibus que me coubesse e me levasse em casa.
Não tenho formação em engenharia, nem muito menos em administração ou gestão em algo, me formei em radialismo e agora curso jornalismo, ambos na UFRN, ou seja, já frequento o percurso do campus há 8 anos e nunca levei mais de 1h para ir do Natal Shopping à Vila de Ponta Negra, exceto quando o 66 ainda fazia o itinerário antigo e eu, tentando fugir da passarela, decidia esperá-lo. Uma vez fiquei mais de 1h plantada na parada, mas isso também não vem ao caso agora.
O pior é que nunca nada vem ao caso agora, as soluções só são pensadas quando a situação está no limite do aceitável.
Por Fernanda Santos

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