Essa é uma prática comum. Assim como aconteceu neste ano, geralmente as carteiras são prorrogadas por 30 dias para que todos que tenham o documento possam renová-lo.
Mas, por que essas prorrogações sempre acontecem, mesmo com tanta tecnologia que envolve um grande “mercado” atualmente?
Primeiro: o comodismo das pessoas. Como é cultura do brasileiro sempre deixar para resolver tudo em cima da hora, não seria diferente com as carteiras de estudante. É muito comum a formação de longas filas nos locais que as carteiras são feitas – sempre muito próximo do fim do prazo ou poucos dias após o vencimento. E, claro, com as mais variadas desculpas.
Segundo: a inoperância dos órgãos gestores. O universo de estudantes é muito grande, principalmente em Natal, o que deveria fazer com que órgãos como DER, SEMOB e SETURN tivessem um planejamento de divulgação e atendimento para aqueles que forem renovar as carteiras. Infelizmente, isso não acontece. Nenhuma divulgação foi feita, nenhum esquema especial de atendimento foi organizado – e a prorrogação foi divulgada no meio de um feriado prolongado. Se as informações fossem divulgadas, certamente os transtornos que os estudantes estão passando hoje, como os de Parnamirim que tiveram suas carteiras bloqueadas pelo vencimento do prazo, não aconteceriam ou seriam minimizados.
Terceiro: o “mercado” de carteiras. É fato que hoje a carteira de estudante é um produto, onde o “consumidor” é disputado quase que a tapa pelas entidades que fazem o documento. Se já não bastasse que muitas não representam, de fato, os estudantes, em alguns casos o valor cobrado pelo documento é absurdamente alto (Enquanto uma entidade cobra R$ 5, outra cobra R$ 15).
Com esses três fatores, há de se entender, caro leitor, que não dá pra se eleger um único culpado para essa situação recorrente das carteiras de estudante. Todos têm sua culpa para que todo ano o sistema entre em colapso, tempo seja perdido, filas se formem e a dor de cabeça de quem precisa renovar a carteira volte.
Mas, tal situação também pode deixar lições. O comodismo é prejudicial para uma boa vivência (nunca deixar as coisas para a última hora); os gestores precisam ser mais ativos, agindo antecipadamente para evitar transtornos; se é mercado, deve existir concorrência leal, com preços acessíveis. Se tudo isso acontecesse, de fato, certamente tirar uma carteira de estudante seria mais fácil na capital potiguar – sobretudo, dentro do prazo.