A guerra das linhas de ônibus em Brasília

O governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz, mexeu no vespeiro do transporte público e está ameaçado de morte por um dos mais antigos barões da nova capital. O barão atende pelo nome de Dalmo Amaral, é empresário, pai do ex-senador Valmir Amaral e dono de um grupo empresarial batizado com o sobrenome da família.
Hoje com 78 anos de idade, Dalmo chegou a Brasília na época da construção e fez fortuna vendendo a areia que, misturada a cimento e brita, concretou as obras de Niemeyer. Depois comprou uma frota de ônibus e com ela ergueu um pequeno império no ramo de transporte coletivo de Brasília. Chegou a contar mais de 1,4 mil ônibus em suas garagens.
O tempo bom para Dalmo custou a passar, mas acabou passando. As linhas exploradas por sua empresa minguaram tanto que nos últimos meses, dos 466 ônibus obrigados a circular, só 186 de fato circulavam. Na semana passada, o Governo do Distrito Federal interveio em três empresas do grupo. Afastou os diretores ligados à família e passou a administrá-las, cuidando, inclusive, do dinheiro que entra com a venda de passagens.
Foi no momento em que soube da intervenção que Dalmo, na presença de várias testemunhas, ameaçou matar o governador Agnelo Queiroz, seu vice Tadeu Filipelli, e mais o secretário de Transportes, José Walter Vasques. Os três, agora, só circulam pela cidade com segurança reforçada.

É difícil de acreditar mas desde que foi fundada, em 1960, Brasília jamais fez uma licitação para as concessionárias de ônibus. As empresas vivem até hoje num universo paralelo em que não pagam nem multa de trânsito. Até meados de 2011, eram elas próprias que administravam o sistema de bilhetagem, onde se controla, por exemplo, o subsídio pago pelo Estado ao passe estudantil.

Em março do ano passado, Agnelo e Filipelli anunciaram juntos a licitação dos ônibus — que propõe a troca de todos os quatro mil veículos que transportam um milhão de passageiros por dia. É um negócio gigante, estimado em R$ 16 bilhões pelos próximos 20 anos. O processo vem andando aos trancos, emperrado por 131 liminares concedidas pela Justiça e depois derrubadas.
O mercado foi fatiado em cinco grandes regiões. Duas delas já estão com os contratos assinados e as novas concessionárias assumem até junho. Outras duas terão os vencedores conhecidos nos próximos dias. Uma permanece em aberto. Em meio à transição e derrotados pela concorrência, os barões veem seus impérios ruírem e tentam de tudo para que nada mude.
Fonte: Fortalbus

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