A insatisfação do empresariado com o congelamento da tarifa dos ônibus urbanos que circulam em Mossoró ganhou um novo empurrão no início deste ano: o aumento abusivo no valor da gasolina na cidade, que onera ainda mais o setor. Há três anos, o preço cobrado é R$ 1,85, quando na maioria das cidades passa dos R$ 2,00.
Para discutir o assunto, a Prefeitura se reuniu duas vezes com representantes das empresas entre janeiro e fevereiro para rodadas de negociações. Os encontros tiveram a presença da Procuradoria do Município e do Ministério Público do Rio Grande do Norte.
Ficou definido um reajuste, que pode ir de R$ 2,00 a R$ 2,10, a depender da aceitação de determinadas propostas. Isso porque, em contrapartida, o Executivo pediu melhorias no transporte coletivo local, como cumprimento mais fiel de horários e itinerários. E a principal novidade: instalação de consulta online a esses dois serviços, bancado com recursos das empresas e zero de recursos públicos no novo negócio.
As propostas serão apresentadas a prefeita Cláudia Regina na próxima semana, informou Alexandre Lopes, secretário de Desenvolvimento Urbano. Se tudo ocorrer dentro do planejado, o novo preço deve entrar em vigor ainda este semestre, bem como as melhorias.
De acordo com as empresas, o desequilíbrio gerado entre custos e lucros tornou-se mais acentuado com o reajuste da gasolina em Mossoró, em patamares maiores que o nacional.
Pela mesma razão, várias cidades Brasil afora já aumentaram suas passagens. Para ficar em exemplos próximos: em Recife, o aumento em janeiro foi de 6,5% e cobra-se lá, nas principais linhas, R$ 2,25 pela passagem inteira. Em Fortaleza, o preço foi de R$ 2,00 para R$ 2,25 e, por decisão da Justiça, baixou para R$ 2,20 este ano. Aqui, cobra-se R$ 1,85 há três anos pela passagem inteira, mas a tendência é seguir o mesmo ritmo e proporção desses metrópoles próximas.
Francisco Wellington, encarregado do tráfego da empresa Cidade do Sol, afirma que os preços praticados em Mossoró atualmente estão “fora da realidade” e que não sabe como as empresas conseguem se manter na cidade. “Faz três anos que as empresas estão com os preços congelados. Não sei como é que os empresários estão conseguindo manter os veículos funcionando. Está fora da realidade”, opina Wellington. E acrescenta: “O combustível está pesando”.
Lopes, da secretaria de Desenvolvimento Urbano, afirma que o reajuste de 2013 não será a única concessão da Prefeitura. Dizendo reconhecer a necessidade das empresas, o poder público irá anular o congelamento das passagens, que serão revistas ano a ano a partir de agora.
Fonte: Jornal de Fato