Além da preocupação natural com o início das obras de infraestrutura que virão por conta do empréstimo do Proinveste, o Governo do Estado também tem outro desafio: fazer a população acreditar que dessa vez as obras sairão do papel. A principal em matéria de importância e de tempo de espera é o conjunto de intervenções urbanas do Pró-transporte.
Todas as pessoas entrevistadas pela reportagem reconheceram os benefícios que as obras trarão à vida delas, mas são desconfiadas por conta do tempo que passaram paradas em gestões passadas. “Estou há mais de 20 anos aqui e nunca vi obra nenhuma acontecer. Que vai ser boa vai, mas não acredito que venha. Também falam em desapropriação, não sei se eu vou sair. Só sei que o engarrafamento aqui é grande”, diz o pedreiro aposentado Nicodemos do Nascimento, que mora às margens da Avenida Moema Tinôco, via turística que liga a Zona Norte às praias do litoral norte que será duplicada no projeto do Pró-transporte.
Várias pessoas entrevistadas criticaram a ex-prefeita Micarla de Sousa pela paralisação das obras e dizem esperar da prefeitura atual as intervenções. “Essa Micarla destruiu a cidade”, criticou o bugueiro João do Nascimento.
A falta de informações exatas sobre as obras, principalmente as desapropriações, ainda confundem a cabeça de moradores e comerciantes locais. Próximo ao balão na descida da ponte Newton Navarro, onde será construído um complexo viário semelhante ao que já existe do lado da praia do Forte, a empresária Ângela Pereira contou que vendeu um terreno em frente porque a prefeitura disse há dois anos que iria desapropriar a área, mas nunca voltou. “Eu vendi na época por R$ 100 mil, mas hoje já está custando mais de R$ 250 mil. Perdi dinheiro. Eu assinei um papel de desapropriação, mas não disseram mais nada”, diz.
Segundo a secretária estadual de Infraestrutura Kátia Pinto, a estimativa é de que 300 casas sejam desapropriadas. “Há um grupo se reunindo para conversar com os moradores. Até a igreja está participando”, explicou.
Fonte: Novo Jornal