Será que o bilhete único vai se aposentar? A São Paulo Transporte (SPTrans) estuda a possibilidade de adotar uma tecnologia que permite o pagamento da tarifa do sistema de transporte coletivo por meio do telefone móvel do usuário. Ou seja, no futuro, para quitar a passagem, bastará erguer o celular e movimentá-lo perto do validador da catraca, sem precisar usar o cartão, como hoje.
Para que essa “mágica” aconteça, no entanto, um longo caminho deve ser percorrido. Primeiramente, um chip especial, que ainda não está à venda, precisará ser fabricado. Ele vai possibilitar a transmissão de dados, por um campo magnético, entre o celular e a máquina que faz a leitura.
Em um documento publicado em dezembro, o técnico José Aécio de Sousa, da Supervisão de Atendimento e Comercialização da SPTrans, avalia que “é fundamental que se adotem providências para viabilizar o que os especialistas chamam de ecossistema” entre os interessados na mudança: Prefeitura, fabricantes de telefones, operadoras, comércio e bancos. Isso permitirá a formação da cadeia necessária à comercialização do novo chip.
“Pode parecer uma tarefa complicada, e talvez seja mesmo, mas é perfeitamente possível de ser executada, pouco a pouco”, escreve Sousa. Para ele, o processo pode ser semelhante ao que deu origem ao mercado de linhas de celulares pré-pagas. “Vale lembrar que, no início da operação da telefonia móvel no Brasil, (elas) não existiam.” Outro avanço destacado é o do próprio bilhete único, que substituiu a bilhetagem magnética e de papel.
Convergência. Atualmente, há 22 milhões de cartões de bilhete único ativos, segundo a SPTrans. O serviço foi lançado em 2004. Já o número de linhas de celular habilitadas na área de código de telefonia 11 – que abrange a Região Metropolitana – chega atualmente a 33,8 milhões, conforme a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
A professora da Universidade de São Paulo (USP) Giselle Beiguelman, especialista em mídias móveis, entende que os celulares estão se tornando uma espécie de “controle remoto urbano”, dada a convergência de recursos nos aparelhos. “Todas as nossas coisas estão cada vez mais concentradas neles: agenda, câmera fotográfica, álbum, internet, e-mail, canais de rede sociais. É natural que suas funções sigam se expandindo.”
Uma medida que, de acordo com o estudo, também poderá facilitar a vida dos passageiros é recarregar o bilhete único por meio de sites de bancos. A meta é reduzir filas. O uso de cartões de crédito ainda deve ser aceito, sem necessidade de boleto.
Para Marcos Bicalho, assessor técnico da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), o bilhete único já é bastante prático. “Talvez o uso do celular aconteça, mas acho que não no curto prazo.”
Foto: Olhar Digital
Fonte: O Estado de S. Paulo