A Gerência de Trânsito (GETRAN) realizou dois processos de licitação neste ano – um em junho e outro em outubro – para a concessão de novas linhas de ônibus em Mossoró. Em ambas, nenhuma empresa do ramo apresentou proposta.A falta de interesse de grupos empresariais de investir no setor na capital do Oeste preocupa a Prefeitura, que vê obstáculos no cumprimento de parte das metas do Plano de Mobilidade Urbana de Mossoró (PMUM).
A questão maior é a de que a intenção era colocar 10 ônibus a mais em circulação na cidade já no próximo ano – que passariam de 36 para 46.
Na primeira licitação em junho, a grande questão alegada foi a de que era exigido que os novos veículos postos em circulação tivessem ar-condicionado, regalia que custaria caro aos empresários em combustível e em manutenção e teria afugentado os interessados.
Pelo menos foi o que afirmou, na época, o Departamento de Compras e Licitações da Prefeitura a respeito de algumas empresas que entraram em contato. Teria afirmado isso parte das 13 empresas que compraram o edital, mas não lançaram proposta.
Porém, em outubro, na segunda oportunidade, essa e outras exigências foram retiradas, de modo a facilitar o lançamento de propostas. Além do ar-condicionado, também foi suprimido um ponto que exigia a promessa de compra de um terreno apropriado para garagem.
Uma empresa comprou o edital, que foi oferecido ainda, de acordo com Balderrama, as 13 que compraram o primeiro. Novamente, não houve proposta.
O “x” da questão é: por que nenhuma empresa, por menor que seja, tem interesse de investir numa cidade média, com quase 300 mil habitantes e em pleno crescimento?
Em Campina Grande (PB), por exemplo, conforme dados divulgados no portal da Prefeitura de lá, há uma Superintendência de Trânsito e Transporte Público, autarquia municipal com autonomia administrativa e financeira. São 190 ônibus, distribuídos em 19 linhas e quatros grupos, que cobrem 95% da área urbana.
Em Mossoró, atualmente, são 36 ônibus, em 12 linhas, sem praticamente nenhuma integração. Mas, Balderrama destaca que o Executivo faz sua parte para tentar atrair investimentos: “Na verdade, é indiferente qual a empresa vai ganhar: pode ser de Cuiabá, Pará ou daqui. É importante apenas que estejam dentro dos padrões do edital, para que tenhamos um serviço de qualidade.”
Transporte clandestino – o ‘x’ do problema? As empresas que já trabalham em Mossoró, a Ouro Branco e a Cidade do Sol, afirmam e reafirmam, em diversas entrevistas concedidas sobre o assunto, que o grande problema da cidade é o excesso de táxis e mototáxis clandestinos, que praticam preços desiguais, levando a uma concorrência desleal.
A Gerência de Trânsito admite que são muitas as dificuldades para combater esse mercado ilegal que, ao que parece, profissionalizou-se em Mossoró. De acordo com dados da Prefeitura, há mais de 200 mototáxis e 350 carros clandestinos: número desleal frente a frota de ônibus, que não chega a 40.
Jaime Balderrama, gerente de Trânsito, acredita que, para combater a questão com a efetividade de que ela necessita, seria necessário uma ação integrada com órgãos de trânsito estaduais e federais, visto que muitos desses clandestinos que trabalham em Mossoró são de Estados vizinhos.
Sozinha, a Prefeitura afirma que conseguiu suprimir 10% desses veículos nos últimos anos, com fiscalização e autuações.
“Há pessoas que vivem disso, que, mesmo que recebam uma ou duas multas, não param. Por isso, é um trabalho de longo prazo”, opina o gerente.
Fonte: Jornal de Fato




