Em um primeiro momento, as telas com imagens em 3D, o volante robusto e a poltrona que balança a cada curva podem lembrar um fliperama de corrida. Mas, neste caso, mesmo para pisar no acelerador e desviar dos carros de mentira é preciso ter carteira de motorista. E uma dose de habilidade extra. Afinal, não se trata de uma Ferrari em miniatura, e sim de um ônibus articulado.
O simulador de direção que emula trajetos reais e a sensação de dirigir um veículo de grande porte foi uma das atrações mais visitadas na 9ª edição da FetransRio, feira bienal de ônibus que ocorreu no início do mês, na capital fluminense, paralela à 15ª Etransport – Congresso sobre Transporte de Passageiros. O aparelho, que veio da Espanha e é inédito no Brasil, será utilizado para treinar e selecionar motoristas de ônibus. A expectativa é que a tecnologia se popularize no país.
No simulador, o condutor percorre um trajeto existente no mundo real, inclusive com as características físicas da pista e de suas imediações. No Rio de Janeiro, o cenário escolhido foi o recente corredor de ônibus implantado na Barra da Tijuca.
“Nossa ideia é fazer o motorista usar o simulador para mostrar os trechos onde os acidentes são mais comuns e as práticas que ele precisa evitar, num processo contínuo de capacitação”, resume o presidente executivo da Fetranspor, Lélis Marcos Teixeira.
A federação adquiriu três aparelhos. Segundo o executivo Iñigo Velázquez, gerente local da Lander, empresa que produz os simuladores, a principal funcionalidade do equipamento é permitir que os motoristas treinem em situações que não poderiam praticar nas ruas. Durante o percurso, o orientador que acompanha o condutor pode, ao apertar um botão, mudar o clima na tela ou lançar um pedestre desavisado logo em frente ao ônibus para testar o tempo de resposta do motorista.
Experiência: O ex-motorista Jefferson Carvalho Peixoto, que estava na feira, conseguiu separar alguns minutos para testar o simulador e relembrar o tempo em que era manobrista em uma garagem. Mesmo “abaixo de chuva”, se saiu bem. “É realista. Você sente mesmo a sensação de dirigir. Pra quem está começando, é muito bom”, disse.
Para o neurologista da Universidade de Iowa Matthew Rizzo, também consultor da indústria automotiva americana, a tecnologia de simulação pode ser usada para estudar o comportamento dos motoristas no trânsito e, assim, prevenir acidentes. “Os condutores têm suas próprias habilidades. Hoje, queremos ser capazes de saber com antecedência como essas pessoas atuam no mundo real”, afirma.
Fonte e foto: Gazeta do Povo (PR)