O setor de ônibus e caminhões no Brasil vive uma realidade atípica no Brasil. Em janeiro deste ano, entrou em vigor a sétima fase do Proconve – Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (P 7) que tem como base os padrões internacionais Euro V de restrição a emissão de poluentes.
Desde então, os veículos pesados a diesel estão bem menos poluentes. Usando o diesel S 50 (com menor teor de enxofre), podem emitir 80% menos materiais particulados e alcançarem uma redução de 63% de emissão de Óxidos de Nitrogênio.
Mas em comparação aos veículos de tecnologia anterior, com base no Euro III, são ônibus e caminhões mais caros. Por isso, para aproveitarem os preços menores, os empresários anteciparam no ano passado as renovações previstas para 2012. Isso provocou um desajuste do mercado, já que 2011 teve vendas acima da média e agora estão abaixo do registrado anteriormente.
A expectativa é de retração em 2012 no mercado geral. De acordo com os números da Fenabrave – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, a queda de emplacamentos de ônibus na comparação entre o acumulado de 2011 e o acumulado de 2012 até outubro, é 13,78%. Mas entre setembro e outubro deste ano, a alta é de 8,1%
A Mercedes Benz, por exemplo, além de ter promovido paralisações na linha de produção afastou 484 operários de São Bernardo do Campo com contratos temporários. Também estão afastados mil funcionários com contratos fixos.
Os contratos destes trabalhadores venceriam no próximo dia 18, mas depois de acordo fechado nesta segunda-feira dia 12 de novembro, com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, foram prorrogados até o dia 31 de março do ano que vem. Em 31 de janeiro de 2013, estes empregados que estão afastados devem voltar à ativa. Eles não terão mais o auxílio do FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador, mas vão receber todo o salário líquido. Em contrapartida, eles abriram mão da PLR – Participação nos Lucros e Resultados de R$ 3.500 referente a este ano.
A Mercedes informou que acredita em recuperação na produção e na vendas para o próximo ano. Neste último trimestre, o mercado tem esboçado reações.
As encarroçadoras também acreditam que a reação positiva na reta final do ano não deve ser interrompida e vai ganhar proporções maiores em 2013.
A Marcopolo registrou crescimento de 13,9% em seus negócios de janeiro a setembro deste ano e atingiu receita líquida consolidada de R$ 2,755 bilhões contra R$ 2,420 bilhões, obtidos no mesmo período do ano passado. O desempenho é resultado do aumento das exportações e também do crescimento das operações no exterior, que subiram 51,5% e superaram R$ 1 bilhão.
No mercado brasileiro, apesar de a produção nacional de ônibus da empresa ter caído 4,6% nos nove meses de 2012, as atividades da Marcopolo mantiveram-se praticamente estáveis – queda de 0,5% na receita. Os principais destaques para este resultado foram a retomada na fabricação de miniônibus Volare, sobretudo no terceiro trimestre, 74,5% maior do que a registrada no segundo trimestre de 2012, e o aumento das exportações, 32,7% maiores do que no período anterior.
Segundo José Rubens de la Rosa, diretor-geral da Marcopolo, a recuperação na produção dos miniônibus Volare se deu em razão do início das entregas dos veículos escolares para atendimento do Programa de Aceleração do Crescimento – Equipamentos (PAC – Equipamentos). “Já as exportações cresceram em grande parte devido ao envio de cerca de 650 unidades comercializadas para clientes do Chile ao longo do ano para o sistema BRT Transantiago”, salienta o executivo.
No mercado brasileiro, apesar da retração ocorrida depois da introdução da legislação Euro 5, de acordo com José Rubens de la Rosa, entre os motivos que permitiram a manutenção dos níveis de produção da Marcopolo está a desoneração da contribuição patronal do INSS sobre a folha de pagamentos, substituída pelo recolhimento de contribuição calculada em 1,0% sobre o faturamento do mercado interno, que passou a vigorar a partir de agosto. “Estas condições mais favoráveis poderão impulsionar os negócios no mercado nacional, sobretudo as exportações”, analisa de la Rosa.
Segundo dados da Fabus – Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus, a participação de mercado da Marcopolo na produção brasileira é de 45,1% ao longo dos nove primeiros meses do ano. Destaca-se a participação de 54,4% da companhia no total das exportações brasileiras neste período, bem como o market share de 61,3% no segmento de ônibus rodoviários.
Fonte: Canal do Ônibus