Não é período de chuvas, nem nenhuma novidade ter buracos nas ruas de Natal. Mas o que tem acontecido no cruzamento da rua Açude Flecha com a avenida Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, no Brasil Novo, é atípico. Lá alguns moradores estão ilhados mesmo no período da estiagem.
Acontece que os bueiros deste cruzamento estão obstruídos e a água servida da rua está empoçada na esquina. O que por si só já é uma ameaça à saudade da população, piora à medida que os carros e ônibus passam e jogam a água para dentro das casas. Como o problema já se arrasta há mais de dois meses, alguns moradores já decidiram se mudar do local.
Quem não teve a mesma sorte, tem que ficar e amargar as consequências. Esse é o caso de Alcineide Dantas. “Infelizmente moro aqui há 18 anos, mas a situação como está agora, nunca tinha visto”, admite ela. A moradora tem acumulado uma série de problemas. O primeiro deles foi o fechamento do seu pequeno comércio de rações de animais. O negócio começou a “afundar na lama”, desde quando o cruzamento das ruas passou a impossibilitar o acesso dos clientes. Diga-se de passagem, essa era a única fonte de renda da sua pequena família constituída por ela, um irmão e uma cunhada.
Há 20 dias, ela adoeceu e sente muitas náuseas e dores de cabeça, ocasionadas pelo mau cheiro da rua. Como se não bastasse, ela diz que não consegue dormir de noite porque os carros atolam com frequência nos buracos e isso provoca barulho de freadas ou da lataria sofrendo pancadas.
Para piorar ainda mais, Alcineide Dantas tem acumulado desavenças com os vizinhos por que alguns deles insistem em lavar carros nas calçadas ou jogar para a rua a água servida. O resultado é o mesmo, acúmulo de lama de frente a sua casa, que fica na parte mais baixa da rua. “Nesses anos todos nunca tive problema com nenhum vizinho meu. Mas agora por causa disso, perdi a minha paciência em explicar para cada um deles que o resultado do acúmulo de todos vem parar na minha porta”.
Quem já se conscientizou sobre o assunto foi Jonnisson Barbosa de Lima, que estava lavando sua caminhonete na manhã desta terça-feira, na parte de barro da rua, para evitar entrar em conflito com a vizinha. Até porque, de um lado da poça de lama está a casa de Alcineide, do outro, uma escola mantida pela esposa de Jonnisson.
Mas o trecho demanda cuidados não só de vizinhos, mas de autoridades competentes. Procurada, a Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura da Prefeitura (Semopi), disse que já tem a ciência do problema, mas segundo os técnicos do órgão, o problema de drenagem deve ser feito pela Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern). Por sua vez, a Companhia informou que enviará uma equipe ao local e que, em seguida, responderá ao Jornal de Hoje, esclarecendo se o problema é da alçada do Município ou da empresa. Caso seja da empresa, a Caern também informará o procedimento a ser seguido.
Foto: Canindé Santos (Jornal de Hoje)
Fonte: Jornal de Hoje