Mercado já esperava falência da Busscar

Foto: Diorgenes Pandini / Agência RBS
A saída definitiva da Busscar do segmento de carrocerias de ônibus era esperada pelo mercado, antes mesmo de o juiz Maurício Cavalazzi Povoas, da 5ª Vara Cível de Joinville, assinar o decreto de falência do grupo.

Referência principalmente no segmento de ônibus rodoviários, do qual chegou a ter 40% do mercado em 2000, a empresa fechou 2011, com uma participação de 0,2%.

— O setor não vai sentir a falta da Busscar —, diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Carrocerias de Ônibus (Fabus), José Antônio Martins, que também é vice-presidente de relações institucionais da Marcopolo.

O principal entrave à sobrevivência da empresa joinvilense era o pesado endividamento. A última lista de credores, divulgada em fevereiro, sinalizava dívidas de R$ 869,3 milhões com instituições financeiras, fornecedores, funcionários e ex-funcionários. O valor não inclui o passivo tributário.

O dirigente setorial destaca que o espaço deixado pela Busscar foi rapidamente ocupado por suas concorrentes. Três quartos da fatia de mercado que a empresa joinvilense tinha em 2008 ficaram com as gaúchas Marcopolo, considerando também a sua subsidiária Ciferal, e a Mascarello. O restante foi distribuído entre as outras quatro fabricantes: as paulistas Induscar, Comil e Irizar e a gaúcha Neobus.

O pesado endividamento impedia a realização de investimentos para modernizar o parque fabril. Somente no primeiro semestre, a Marcopolo – a maior em faturamento e a segunda em produção – aplicou R$ 145,7 milhões em expansão e melhorias no seu parque fabril, 37,8% a mais do que no mesmo período de 2011. O valor é equivalente ao faturamento da Busscar em 2010.

E mesmo que a decisão de Cavalazzi Povoas fosse outra, os investimentos em modernização na Busscar demorariam a ser retomadas devido à disponibilidade de capacidade ociosa. Isto, em um período em que se espera uma forte demanda, motivada pela Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016.

Outros fatores que vão estimular o setor são o programa de compra de ônibus escolares, anunciado em agosto, e a necessidade de substituição de parte da frota brasileira.

Os ativos da Busscar, lacrados na noite de quinta-feira, e a mão de obra especializada disponível em Joinville são os principais atrativos para as empresas. A Caio Induscar chegou a fazer uma proposta para comprar a fábrica em outubro no ano passado. A proposta de R$ 40 milhões não foi aceita pela 4ª Vara da Justiça Trabalhista.

Em março, um executivo da Marcopolo cogitou a possibilidade de participar de um eventual leilão de bens. As duas empresas constituíram uma joint-venture que pretende instalar uma fábrica de componentes para carrocerias de ônibus na cidade.

Fonte: A Notícia

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