Dois vídeos relacionados ao transporte tem chamado atenção nas últimas semanas. O primeiro, de perspectiva local, numa percepção mais social da situação, mostra jovens (?) que pedem parada a um ônibus, e na hora de embarcar, um se pendura nas costas do outro e saem, enganando o motorista que parou o veículo para a brincadeira. Confiram a bizarrice – com todo respeito às bizarrices, claro:
O vídeo foi destaque com as merecidas críticas no Busão de Natal, site do sempre atento Josenilson Rodrigues.
Digo-lhes, com sinceridade, que é inefável o absurdo que é algo desse tipo. Não consigo encontrar adjetivos para classificar isso. Há tanta coisa para se brincar nesse planeta, e tais criaturas escolhem pedir parada a um ônibus para ser filmado se pendurando um nas costas do outro. Fazem isso em quantos ônibus? Na sequência de ônibus que vier enquanto eles estão na parada? Imaginem, então, que nesse tempo de graves problemas de trânsito em que vivemos, um ônibus está atrasado e tem que parar apenas para tal proeza? Vivemos uma época em que até os segundos – até não, principalmente! – fazem diferença para o transporte. Lamentáveis as viagens corroídas por conta disso.
Dica aos que gostam de praticar o ‘trote do busão’: procurem o ambiente circense. É mais digno!
Já o outro vídeo decorre de uma reportagem televisionada – republicada também no sempre incrível Fortalbus, um dos maiores sites sobre transporte do Brasil. É comum a mídia, de maneira geral, abordar a especialização em ônibus como algo incomum. De fato, é. Já se tornou até clichê aquelas matérias: “Você já deve ter visto quem gosta de carros, não é mesmo?! Mas um grupo de jovens se interessou por ônibus! Isso mesmo! Ônibus. Confira!”. Na sequência, é mostrado o grupo de jovens debatendo, discutindo, fotografando e falando em entrevista sobre o hobby. E clichê, mas é excelente! Nosso grupo de especialistas em ônibus de Natal, por exemplo, já foi motivo de reportagem em jornais locais.
A questão específica não é a matéria em si, mas a repercussão que ela causou pela internet. Confiram:
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Esse vídeo foi motivo de piada em alguns blogs. Entre o melhor dos comentários, estão: “Minha vida não é tão ruim assim!”. Quem tem um ônibus como hobby, sabe que é um hobby como qualquer outro. É um mundo a parte e que está de fora, de fato, dificilmente entende. Eu mesmo costumo dizer que o ônibus é uma parte mínima do hobby; no ponto de vista operacional, existem empresas e todas suas atribuições; linhas; rotas, etc. No ponto de vista do hobby, existem as fotos, discussões, desenhos… Coisas que vão se completando e nos fazem conhecer, discutir, analisar, e até propor melhorias nos sistemas de transportes. É assim em todo Brasil. Não adianta negarmos ou queremos pensar de outra maneira.
Mas confesso que não sou adepto a essa maneira desnorteada de agir perante o hobby. Creio eu que, devido ao advento da internet, temos um público de especialistas muito jovens. Isso reflete na falta maturidade para agir em questões que envolvem desde diversas brigas que tem ocorrido – na própria internet – até a desastres como o apresentado no vídeo, com as desesperadas corridas atrás de determinados modelos de ônibus. Organização é tudo. Isso, porém, provém de um nível superior; é como a organização do hobby – no nosso caso, por exemplo, a comunidade Ônibus Coletivo de Natal/Orkut, que organiza encontros e atividades nas empresas. Há também exemplos semelhantes dessa ótima organização, como em Fortaleza, com o grupo Fortalbus, e em Recife, com o Pernambuco Ônibus Clube.
Até criarmos, dentro do hobby, organização e políticas que direcionem a boas ações e condutas, tanto a emoção falará mais alto publicamente, quanto à especialização em ônibus será algo anormal inaceitável!
Como costumo dizer que tudo na vida tem seus dois lados, vi um contraste no mesmo blog que detonava o hobby. Trecho dele: “Infelizmente pular feito criança na frente de um ônibus é a reação inevitável de alguns… Mas não quer dizer que represente a todos. Se “busólogos” de fato trabalhassem na área, provavelmente teríamos mais amor e paixão às profissões. Não secretários e altos cargos públicos nomeados, corruptos, que só se aliam por dinheiro, sem paixão nenhuma naquilo que fazem”.
Thiago Martins
Matéria digna de parabéns e de muito respeito e adminiração. Não porque citou meu portal, mas pelo o jeito em que tratou o tema, onde você falou o amor ao hobby e a paixão em trabalhar em uma profissão que envolve o que gosta, no meu caso ônibus. Hoje trabalho na área que sempre quis trabalhar: com transporte.
Acho tristemente lamentável pessoas que façam esse tipo de brincadeira em nossos ônibus, o motoristas coitado que trabalha estressado ao ver uma presepada dessa queima parada e depois falam que são ruins.
Com o transporte em crise não é hora de fazer certas brincadeiras como essa.
Mais uma vez volto a parabenizar a matéria que realmente me deixou surpreso isso não posso mentir.
Valeu a todos que fazem a equipe Unibus RN.