Editorial UNIBUS RN: Os lados bom e ruim de protestar

Desde a semana passada, caro leitor, você vem acompanhando aqui no UNIBUS RN diversos protestos em Natal, organizados principalmente por estudantes, exigindo melhorias no sistema de transporte público na capital, tendo o valor da tarifa como principal motivação para ir às ruas.

Protestos, aliás, que deram resultado, já que ontem a Câmara Municipal revogou a portaria da SEMOB autorizando o aumento de R$ 2,20 para R$ 2,40. Reconhecidamente, uma vitória dos estudantes que encabeçaram os protestos.

E há de se comentar alguns aspectos que foram marcantes nessas manifestações, que culminaram em inúmeros comentários por toda a cidade, seja nas rodas de conversas, no trabalho ou nas redes sociais. Comentários que, como se descrevem no título deste editorial, são de como é bom e ruim protestar.

O lado bom de essas manifestações terem sido feitas foi à mobilização popular para melhorar um serviço público tão deficitário hoje quanto o transporte. Reconhecidamente, R$ 2,40 não condiz com a atual situação do transporte público em Natal: ônibus mal conservados, operadores mal treinados, super lotação, demora em algumas linhas e falta de cobertura em alguns locais – este último quesito ficou explícito após a falência da Riograndense, com a suspensão das linhas 03, 28 e 45.

Infelizmente, após a derrubada do então presidente Fernando Collor, o brasileiro se acomodou no que diz respeito a mobilizações populares para a melhoria de alguma coisa. Esses protestos, juntamente com o movimento “Fora Micarla” (2011), podem ajudar a “acordar” o natalense para a realidade e reivindicar melhorias no serviço público, como o transporte. Excelente iniciativa dos estudantes.

Já o lado ruim foram os atos absurdos de vandalismo registrados nos locais que sediaram os protestos. Lamentavelmente, dentre os muitos que queriam um transporte digno, melhor e de preço acessível, havia aqueles que queriam apenas bagunçar. Traduzindo: vândalos que queriam expor sua indignação com o preço da passagem, com pichações em ônibus e paredes, quebrando janelas, para-brisas, ameaçando quem queria “furar” o protesto e, até mesmo, enfrentando a polícia, que apenas escoltava um protesto pacífico.

Como os protestos trazem para a rua todo tipo de gente, pessoas de índole ruim e que queriam manchar, literalmente, um ato que quer um transporte melhor, fazem com que o restante da população seja desfavorável a esses protestos e culmina com a acomodação para medidas como o aumento da passagem, que foi bastante impopular. Lamentavelmente, ainda existem pessoas que querem estragar um movimento digno e de reivindicações justas.

Mas, com a revogação, pelo menos por enquanto, do preço da passagem para R$ 2,20, os protestos vão parar. Mas, esperamos que eles fiquem de lição para todos quando forem reivindicar seus direitos. Lição para o lado ruim, de não radicalizar e sair quebrando tudo, e para o lado bom, acordando para as mobilizações populares e visando a melhoria da sua qualidade de vida.

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