Não é de hoje que eu tenho sentido a ausência da SEMOB – Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal – pelas ruas de Natal. Pensei em abordar esse assunto antes, mas logo me veio à lógica: semelhante aos tantos órgãos públicos, certamente há falta de pessoal e, talvez, até de estrutura. Quando falo da ausência, porém, refiro-me, especificamente, aos graves problemas de trânsito que Natal vive.
Vamos a um exemplo: o nó que diariamente se forma nos cruzamentos da Av. 02 com a Av. São José, próximo ao Midway. Uma falha visivelmente decorrida da falta de sincronização dos semáforos, que resulta na paralisação do tráfego da São José e o bloqueio da Av. 02 – formando uma quilométrica fila dos veículos – entre eles ônibus – que vêm do Alecrim em direção à zona sul. Em horário de pico, com sorte, os usuários de ônibus perdem uma média de 15 minutos parados no trânsito. Fato: não sou técnico da secretaria, não posso apontar com tanta propriedade a questão da sincronia dos sinais. Mas sou cidadão, e posso reivindicar agentes de trânsitos lá. Sim! Boa parte do bloqueio se dá pelos automóveis pequenos que insistem em continuar trafegando pela São José, mesmo com o sinal do próximo cruzamento (Av. Bernardo Vieira) estando fechado. Isso resulta o bloqueio da Av. 02, e seria solucionado com a ação de um agente de trânsito, impedindo que os veículos prosseguissem até o trânsito fluir.
O que me levou a estruturar esse texto, porém, foi um email pessoal de um amigo que recebi sobre a dificuldade de trafegar na Ribeira durante as noites de shows do ‘Agosto da Alegria’, programa cultural idealizado pelo Governo do Estado. Todos os sábados houveram shows de grande porte em praça pública, gratuitamente, atraindo centenas de natalenses. Atrelado a isso, diversas casas de shows também ‘incrementaram’ suas apresentações. A Ribeira fervia… Em todos os sentidos. A começar por quem ia de carro, que não encontrava estacionamento e se aproveitava (leia-se ‘se apossava’) da rua. Pois é. Os carros estacionados no meio da rua interditaram parte do tráfego. Chegamos aos ônibus, que operaram em manobras difíceis, devido a gigante quantidade de veículos e pessoas pelas ruas. Já falei aqui ser adepto ao empirismo. Fui conferir de perto como a coisa se processava. Para minha sorte, acredito que estava no dia errado e na hora errada. Excelente!
A cena que encontrei dava a sensação de um engarrafamento daqueles típicos da cidade de São Paulo (respeitosamente). O trânsito estava totalmente parado. Ônibus parados no meio de cruzamentos, contemplados por uma carreta (daquelas imensas!) também tentando manobrar entre o trânsito apertado e as buzinas dos impacientes. De longe, era possível ver um ônibus trafegando pelas imediações da Rua Chile, e imaginei a sensação do motorista e usuários do quanto ainda penariam para chegar, pelo menos, até o largo do Teatro. Sintetizado: Vi de tudo; ônibus fora de suas rotas convencionais, motoristas estressados, muita buzina e gritaria. Só não vi um agente de trânsito tentando amenizar aquela situação. Nem se quer bêbados se passando por agentes. Como qualquer semelhança é mera coincidência, a sede da própria SEMOB também é na Ribeira, lá, pertinho de todo ‘fuzuê’. Senti falta de algum “E agora, quem poderá nos defender?”.
Começou
Começou a renumeração de prefixos da empresa Nossa Senhora da Conceição. Desde a última semana, boa parte dos ônibus da empresa já estão com o critério de numeração pernambucana, onde o primeiro número representa o ano do veículo. A mudança chegou aqui com a Trampolim da Vitória em 2010, quando a empresa teve parte de suas ações vendidas para as mesmas empresas que também compraram parte das ações da Conceição – as pernambucanas Itamaracá e Cidade Alta. Diferente da Trampolim, os ônibus da Conceição estão chegando às ruas com adesivo sobre a numeração antiga; mesmo método utilizado pela Guanabara – que ainda não conseguiu renumerar toda sua frota. Resta saber se a empresa também irá reformar os ônibus antigos, colocando a ‘nova pintura’ da empresa. É esperado que não, uma vez que a licitação pode sair a qualquer momento e ela deverá trazer a pintura padronizada para os ônibus de Natal. Diferente da Guanabara, que está pintando a frota antiga, vamos ver se a Conceição saberá economizar dinheiro nesse quesito.
Testando
As empresas de ônibus estão mais ousadas. Com a retirada em massa dos cobradores de ônibus em Natal, as empresas estão testando os ônibus sem cobrador nas linhas que se direcionam para a zona sul – que têm demanda bem mais considerável que as linhas que vão ao Centro da Cidade. A prática começou com a empresa Reunidas, na linha 07 (Alvorada IV/Cidade Jardim), onde boa parte dos veículos já não tem mais cobrador. Seguidamente foi a vez da Guanabara, tirando cobradores de alguns ônibus da linha 02 (Gramoré/Mirassol) e também da empresa Conceição, fixando veículos apenas com o motorista ns linha 63A (Felipe Camarão/Mirassol).
Thiago Martins
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