E para testar se a “porta do meio” realmente funciona, o nosso repórter portador de necessidade especial resolveu andar nos ônibus com três portas que servem a capital e as cidades da região metropolitana.
São Gonçalo do Amarante: Primeiro ele fez uso de um ônibus de três portas da empresa Expresso Oceano que faz a linha Jardim Petrópolis. Ao tentar o desembarque pela segunda porta na avenida Tomaz Landim, em frente à Coteminas, o motorista abriu apenas a terceira porta. Após o desembarque dos demais passageiros, ele partiu com o ônibus sem abrir a segunda porta para o nosso repórter. Questionado, o motorista com cara de poucos amigos disse somente que ele deveria usar a terceira porta e pronto. Assim foi feito pelo nosso repórter.
Parnamirim: Resolvemos então tentar o desembarque por um dos ônibus da empresa Trampolim, que atende a cidade de Parnamirim. Desta vez, o teste foi feito no ponto de ônibus da Praça da Árvore, em Mirassol. O nosso repórter pediu parada e esperou que a porta do meio fosse aberta. Não só ele esperou, mas também um grupo de idosos e um cadeirante aguardavam a abertura da porta. Mais uma vez, o motorista desavisado ia partindo com o veículo quando alguns estudantes alertaram que ainda haviam pessoas para desembarcar. O motorista esbravejando abriu a porta do meio para o desembarque de todos.
Natal: Em nosso último teste o nosso repórter pegou um ônibus da linha 73 (Santarém/Ponta Negra) da empresa Reunidas, com destino a região norte da capital. Ele ficou sentado no banco destinado aos portadores de necessidades especiais, que fica bem perto da “porta do meio”. O desembarque foi feito na avenida Bernardo Vieira, na parada mais próxima da Feira do Carrasco, no bairro das Quintas. Na terceira porta um passageiro e na segunda o nosso companheiro de trabalho. A terceira porta se abre, o passageiro desce e o ônibus parte quando o cobrador avisa: “Abre a porta do meio por favor para o rapaz aqui”. Enfim, o desembarque foi feito pela porta central.
Lembramos também que existe em alguns ônibus uma campainha diferenciada para a segunda porta e mesmo assim foi negado o uso da porta do meio.
Pela mobilidade a terceira porta era para ser usada por todos como é feita nas grandes capitais. É notória também a falta de atenção dos operadores do transporte coletivo. Portador de necessidade especial ter que usar o grito para poder valer seus direitos é algo vergonhoso.
Fonte: Via Certa Natal
Sou de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Nos ônibus urbanos que têm três portas do lado direito do trânsito (alguns têm portas do lado esquerdo que operam em estações de plataforma), onde a porta do meio possui acessibilidade para cadeiras de rodas, até pouco tempo atrás, essa era exclusiva para embarque e desembarque de cadeirantes. Passageiros sem deficiência só poderiam desembarcar pela porta de trás.
Para contornar o problema, um dos consórcios de ônibus de Porto Alegre adaptou as teclas de acionamento das portas para que a porta do meio e a de trás sejam abertas e fechadas ao mesmo tempo para o desembarque, com uma tecla só.
Alguns carros APD desta Capital possuem somente uma porta para desembarque, a mesma onde fica instalado o elevador para cadeirantes. Depende da empresa de ônibus, tem umas que preferem comprar veículos com duas portas, para não reduzir a quantidade de assentos, já outras têm adquirido com três portas, para que o usuário não deficiente possa desembarcar pela porta mais próxima de seu assento.
Sou um busólogo, ou seja, adorador de ônibus. Ainda não dirijo, em breve terei minha CNH, mas nada impede que, após adquirir meu automóvel, eu continue a andar de ônibus de tempos em tempos.