Mais aumento do diesel vai dificultar investimentos das empresas de transportes de passageiros

O anúncio da presidente da Petrobrás, Graça Foster de que pretende novamente aumentar o preço da gasolina e do óleo diesel, não foi bem recebido por diversos setores econômicos no País.

Obviamente que nenhum aumento agrada a ninguém, mas a política de reajustes que o Governo Federal tem adotado faz uma perigosa distinção entre os veículos de transporte individual e os que geram emprego e renda, responsáveis pelo desenvolvimento econômico e cujos gastos influenciam diretamente nos custos e na qualidade de serviços para toda a população.

Ocorre que os transportes individuais têm recebido privilégios em relação ao transporte coletivo urbano, rodoviário e o transporte de cargas não contam. No primeiro aumento de 7,83% na gasolina e de 3,94% no diesel, que ocorreu nos dias 22 e 25 de junho respectivamente, os impactos foram absorvidos em parte pela redução da Cide – Contribuição de Intervenção Sobre o Domínio Econômico.

Mas em 12 de julho de 2012, o governo determinou novo aumento apenas para o diesel, de 6% nas refinarias, chegando a cerca de 5% nas bombas ou para o consumidor final. Neste caso, o combustível que move ônibus, caminhões, furgões e outros veículos comerciais não foi agraciado por nenhuma compensação tarifária.

Os custos maiores do diesel influenciam todos os preços ao consumidor, desde alimentos, roupas, eletroeletrônicos até equipamentos médicos e remédios pelo fato de a maior parte do transporte de matéria-prima e produtos industrializados depender de caminhões.

Mas nem todos os serviços repassarão de imediato estes aumentos ao consumidor. É o caso das empresas de ônibus que têm as tarifas fixadas pelo poder público e aumentos determinados a cada ano normalmente. Estes aumentos devem ser contabilizados nas próximas tarifas, mas até lá, as companhias de ônibus terão de se ajustar aos aumentos dos custos para prestarem serviços sem terem uma compensação direta. Assim, investimentos em melhorias realizados pelas empresas podem ser reduzidos este ano, de acordo com a NTU – Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos.

Só por conta do último aumento de 6% em julho, apenas as empresas de serviços urbanos terão os custos ampliados em R$ 450 milhões este ano, de acordo com cálculos da entidade. A Petrobrás amarga prejuízos de R$ 1,3 bilhão. De acordo com Graça Foster, os preços dos combustíveis brasileiros estão abaixo do que é praticado no mercado internacional e por isso, a Petrobrás precisa equipará-los. Uma das causas para isso foi a desvalorização do real frente ao dólar que deixou os produtos brasileiros mais baratos no exterior.

Graça Foster diz que novos investimentos como refinarias de beneficiamento do diesel e a entrada em operação da unidade de Abreu Lima, no Pernambuco, devem diminuir a dependência do Brasil em relação ao combustível que vem de outros países. Mostrando ainda que o País está longe de se tornar autossuficente em Petróleo, como propagou Luiz Inácio Lula da Silva, só no primeiro semestre deste ano foram importados US$ 6 bilhões em gasolina e diesel.

Se são necessários reajustes, o empesariado até diz entender. O que não tem sido admitido são os privilégios sobre alguns setores que penalizam outros considerados essenciais.

Fonte: Canal do Ônibus

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