O Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros do Município do Natal (Seturn) cancelou a coletiva de imprensa que seria realizada na manhã de segunda-feira (13). A coletiva explicaria sobre o decreto de falência da Viação Riograndense, que foi anunciado no último domingo (12).
O motivo do cancelamento, seria uma reunião entre o Seturn e a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) que aconteceu na tarde desta segunda. Por isso, o sindicato decidiu que só iria se comunicar com a imprensa após a conversa com o Semob.
No domingo de Dia dos Pais, os funcionários da empresa se depararam com portões fechados e ônibus levados pelo dono da Riograndense, José Venâncio Flor. De acordo com Nastagnam Batista, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Rio Grande do Norte (SINTRO), os motoristas e cobradores receberam a informação por intermédio dos colegas.
A Riograndense, criada em 1951, já se encontrava com problemas financeiros. A empresa era responsável pelas linhas 03 (Nova Natal/Campus), 28 (Nova Natal/IFRN), 45 (Brasília Teimosa/Campus) e 132 (Jardim Petrópolis/Petrópolis).
Fonte: Nominuto.com
Semob discute medidas emergenciais para atender usuários das linhas 03, 28 e 45
A Prefeitura do Natal, por meio da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), de modo a dar transparência as suas ações, vem a público, lamentar e prestar as seguintes informações quanto à desativação das linhas de ônibus 03, 28 e 45.
1º – Somente nesta segunda-feira, dia 13, é que a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana foi informada oficialmente sobre o tema;
2º – Diante da urgência que o fato requer, a Semob agendou na tarde desta segunda-feira reunião com a direção do órgão e as operadoras do sistema de transporte da cidade para buscar alternativa visando minimizar o impacto com a desativação das linhas juntos aos usuários;
3º – No primeiro momento ficou decidido que as linhas de ônibus que passam no entorno das comunidades atendidas pela Viação Riograndense serão reforçadas;
4º – Não estão descartadas novas soluções para promover a integração dos usuários destas comunidades com os outros veículos disponibilizados pelo sistema;
5º – Também estão sendo tomadas todas as medidas jurídicas e administrativas sobre a decisão da viação Riograndense que afetou o transporte de cerca de 9 mil usuários em seus deslocamentos diários;
6º – A Semob acredita que as medidas emergenciais e especiais – como extensão de linhas já existentes, cotação de circulares e, até mesmo, a outorga de uma autorização precária para que outra empresa possa operar as linhas serão algumas das soluções que serão avaliadas já na manhã desta terça-feira, dia 14, visando à solução do problema;
7º – A principal recomendação da Semob é que as pessoas que costumam utilizar estas linhas façam a integração através de ônibus que tenham itinerários próximos aos das linhas momentaneamente suspensas.
Fonte: SEMOB
A Riograndense emitiu uma nota no final da tarde desta segunda-feira (13) para esclarecer os motivos do decreto de falência da empresa, anunciado neste domingo. A empresa, que era responsável por três linhas em Natal, disse que a falência já era esperada e acusou a falta de políticas para o setor como principal impedimento para as linhas continuarem a trafegar.
A empresa citou que as políticas incentivavam o transporte individual de carros e motos. Além disso, a nota emitida pela Riograndense cita que os ônibus da empresa trafegavam em linhas congestionadas – sem alternativas para impor velocidade no serviço – e em “ruas esburacadas”.
Outro fator destacado na nota é o aumento no preço das passagens de ônibus. ” […] O preço dos ônibus sofrem aumentos superiores aos dos veículos particulares, não recebem benefícios fiscais ou redução de impostos e o óleo diesel subiu nos últimos anos 100% (cem por cento) a mais do que o preço da gasolina, demonstrando clara prioridade ao transporte individual”, relata.
Confira a nota da Riograndense na íntegra:
“Não foi surpresa para a sociedade natalense a empresa Riograndense anunciar a sua desistência do serviço municipal de ônibus.
É sabido por todos, que o setor de transporte coletivo de passageiros urbano do país está em crise devido à falta de políticas direcionadas para o setor, indo na contramão do que estabelece a nova Lei da Mobilidade Urbana, incentivando cada vez mais o transporte individual, com subsídios diretos e liberação de impostos para compra de carros e motos.
Os ônibus operam em vias cada vez mais congestionadas por automóveis e motos. Desta forma, sendo afetado por uma série de problemas que comprometem sua eficiência e capacidade de competição: baixas velocidades operacionais, vias mal conservadas, esburacadas, sem sinalização de trânsito, sem condições de segurança, proliferação do transporte clandestino. Tudo isso, degradando as condições de circulação e operação dos veículos nas ruas, provocando permanentes congestionamentos e tempos de viagem cada vez mais longos.
Por outro lado, o preço dos ônibus sofrem aumentos superiores aos dos veículos particulares, não recebem benefícios fiscais ou redução de impostos e o óleo diesel subiu nos últimos anos 100% (cem por cento) a mais do que o preço da gasolina, demonstrando clara prioridade ao transporte individual.
A tendência do custo do serviço e consequentemente da tarifa é de alta, já que está diretamente relacionada ao desempenho operacional, com a crise da mobilidade urbana. Desta forma, quanto maiores os engarrafamentos, menor é a demanda de passageiros. Com a demanda fraca potencializam-se os altos custos operacionais e maior será a tarifa.
A tarifa é determinada pelo órgão gestor municipal e a planilha de custos é elaborada pela Secretaria de Mobilidade Urbana (SEMOB), pois mesmo não retratando a realidade, os valores apurados no primeiro semestre pela própria Secretaria e divulgados no início de junho de 2012 no valor de R$ 2,3676 sequer foi decretado pela Prefeitura, fato que ocorre historicamente.
Estes problemas vêm se acumulando no serviço de transporte coletivo de Natal nos últimos 20 anos, levando a que algumas empresas vendessem seus ativos, a exemplo das empresas Cidade do Sol, Transportes Pirangy e Trampolim da Vitória e, mais recentemente, a venda do controle societário para grandes grupos econômicos externos, como é o caso da Transportes Guanabara e Transportes Nossa Senhora da Conceição.
A Riograndense, infelizmente, paralisou suas atividades neste domingo, dia 12 de agosto de 2012. E outras empresas seguirão este caminho caso o governo não tome decisões políticas visando revisar e adequar os valores da tarifa, reduzir a carga tributária como acontece em outros setores empresariais, a exemplo da isenção do ICMS do óleo diesel das embarcações pesqueiras e do querosene de aviação; redução do ISS como ocorre em várias capitais (Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, dentre outras); subsídio e controle de gratuidades.
Importante também será a implementação das medidas já previstas na nova Lei da Mobilidade Urbana, valendo destacar a melhoria da segurança pública; combate ao transporte clandestino; melhoria das vias públicas; adequação dos pontos de embarque e desembarque; vias exclusivas para os ônibus; gestão eficiente do transporte e do trânsito e licitação do serviço de transporte com regras claras de equilíbrio econômico financeiro.
O serviço do transporte coletivo de Natal está à beira do caos. Caso não se adotem medidas urgentes e efetivas para a solução dos problemas aqui mencionados, a Riograndense é apenas uma amostra do que ocorrerá com os demais operadores de transporte da cidade”.
Fonte: Tribuna do Norte