Editorial UNIBUS RN: “Janelinhas” – um mal para o transporte natalense

Natal, início da manhã ou fim da tarde. Momentos propícios para se ver cenas como a que trataremos hoje no nosso editorial: a venda de passagens nos cartões da bilhetagem eletrônica por parte dos “janelinhas”.

A profissão de “janelinha” surgiu após o fim do vale-transporte em papel, em consequência da implantação da bilhetagem eletrônica. Como o cartão eletrônico, na época, só dava direito ao transporte em ônibus e as empresas ainda migravam para o sistema atual, muitas pessoas que não usam o benefício do vale-transporte passaram a “alugar” os cartões para pagar a passagem nos ônibus, cobrando um valor menor do que a tarifa (Hoje, em R$ 2,20, faz com que as passagens em cartões sejam vendidas por R$ 1,75 na maioria das paradas). Após o pagamento, o cartão é devolvido ao “dono” pela janela do veículo, denominando assim aquela pessoa como “janelinha”.

Ao longo dos anos, foi crescendo a quantidade de pessoas que ganham dinheiro com essa prática. Hoje em dia, até em bairros mais afastados e em pontos com menor movimento, existe pelo menos um “janelinha” vendendo passagens a quem não tem o cartão da bilhetagem eletrônica.

Mas, aí você se pergunta: porque o título do texto diz que eles são um mal para o transporte? Pra responder essa pergunta, citaremos três fatos:

1) Não há como negar que essa é uma atividade profissional. São, em quase todos os casos, pais ou mães de família que, com a venda das passagens, sustentam suas residências. Porém, é uma atividade ilegal.

2) Há um grande prejuízo ao setor comercial da nossa cidade com o comércio dos “janelinhas”. O vale-transporte, de acordo com a legislação trabalhista, é de uso exclusivo do trabalhador para o deslocamento até seu local de trabalho. Com o “aluguel” do seu cartão de passagem, apesar de ganhar dinheiro fácil, está cometendo um crime e pode perder o emprego por justa causa.

3) Este motivo é a principal resposta para a pergunta do título do texto de hoje. Como já explicada, a prática do “janelinha” consiste no recebimento do cartão pela janela do ônibus após a passagem do cartão no leitor. Com tal prática, se o passageiro que adquire passagens dessa forma for um dos últimos a subir, certamente irá atrasar a viagem, ocasionando superlotação nas paradas e prejuízo ao motorista com o atraso no deslocamento. Isso sem falar na possibilidade de acidentes, como o que se vê frequentemente em um grande shopping da cidade, com a correria dos vendedores atrás dos cartões no meio do trânsito.

Enquanto tal prática é recorrente por toda a cidade, infelizmente os órgãos gestores continuam de olhos fechados. No mesmo shopping citado acima, frequentemente se veem fiscais da SEMOB na parada, sem fazer absolutamente nada para impedir o comércio.

É precisa uma ação contundente contra essa prática que influencia o transporte público de nossa cidade. E todos precisam colaborar para isso acabar: as empresas de ônibus, treinando seus funcionários para coibir tal prática; o comércio, conscientizando seus funcionários a não vender seus cartões; a SEMOB, colocando seu pessoal na rua para impedir o comércio de passagens; e, principalmente, você usuário, não comprando mais passagens dessas pessoas.

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