Editorial UNIBUS RN: A experiência de uma grande cidade sem ônibus


Esta não foi mais uma greve, foi “A” greve. Marcou-se na história, independente do resultado final não ter sido dos melhores para boa parte dos envolvidos no caso. Os prejuízos, infelizmente, falam mais alto neste momento; Antes fosse ‘só para as empresas’, mas principalmente para os usuários – que deveria estar ileso em meio a tudo isso, e ter seu direito em transporte assegurado. 

Na última quinta-feira (17), por exemplo, mesmo com o encerramento da greve, muitas linhas operavam com extrema deficiência. Mal tinha ônibus circulando. A quem atribuir a culpa? Talvez aos mesmos fantasmas que cometeram atos de vandalismo contra ônibus de algumas das empresas, e – eis o paradoxo – permitiram a circulação de veículos de determinadas empresas, enquanto outras empresas não puderam nem ‘pensar’ em colocar seus carros nas ruas. A população até agora ainda têm suas dúvidas; Comumente ecoam e apoiam tais situações, mas a sensação do sistema falido – que a falta de ônibus fez criar – levou ao caminho da imparcialidade, por vezes oposição à ação dos grevistas.

A sensação só se agravou com o deserto e a dificuldade de locomoção na cidade. Explícito, notoriamente, na falta de desejo até dos opcionais – que historicamente brigam bravamente contra o adversário (as empresas de ônibus), para ter, no mínimo, o direito de operar pelo mesmo trajeto que os veículos das empresas, e sempre lhes foi (e é) negado. Os opcionais estavam com a ‘faca e o queijo na mão’, poderiam operar tranquilamente pelas rotas dos ônibus urbanos, tudo plenamente autorizado. Não quiseram! Continuaram seus trajetos, tranquilos, tranquilos! E com pouco aumento em suas demandas. A lotação dos veículos parecia à mesma de sempre. Nem parecia que vivíamos uma greve de ônibus – e com a história marca de 100% da frota urbana parada.

Os ônibus pararam – alguns longe de suas garagens de origem, como os veículos da Cidade das Dunas, acolhidos na garagem da Guanabara – mas quem chegou foi o paradoxo: Como a cidade conseguiu ‘sobreviver’ em meio à paralisação total pelos três dias? Haja carros particulares; Não só carros, mas a suspensão de aulas, faltas no trabalho, quedas no comércio. Também não houve ônibus de fretamento – também plenamente autorizado pela prefeitura para circular nas rotas dos ônibus e transportar passageiros – que desse jeito! Pouco importava; O maior percentual da população já não via com bons olhos a greve, e teve a internet como aliada, publicando por conta própria suas revoltas. A polícia veio, e levou com ela a ‘força’ do Sindicato nas portas das garagens.

Os excessos da greve fizeram mais que a cidade parar; A população estava mais prejudicada do que nunca. Uma sensação inefável; A experiência de uma grande cidade sem ônibus. Lamentável em todos os pontos; Mais lamentável ainda, é sabermos que a greve foi apenas suspensa, poderá voltar. Não pela questão de ser ‘greve’ – é um direito, está na lei. Mas tais excessos, que só vêm prejudicar quem nada tem ligação alguma; A sociedade, a população, os usuários.

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