O Ipea projeta como ideal R$ 124,95 bilhões, equivalente a 3,4% da riqueza do país. “Se o Brasil investisse esse valor em infraestrutura de transporte, em cinco anos teria o padrão de um país desenvolvido, o que adequaria o país ao crescimento que vivencia”, disse Carlos Álvares da Silva Campos Neto, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea.
“O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) representou um grande avanço, mas ainda é insuficiente diante da necessidade de expansão. O investimento nos transportes no Brasil corresponde a 0,7% do PIB, enquanto na China, Índia e Rússia, por exemplo, investe-se 3,4% ou mais”, disse.
Investimentos públicos x privados: Como já havia antecipado o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, ao afirmar que o Brasil precisa dar maior certeza a investimentos privados e, em contrapartida, dar novos valores aos públicos, Campos Neto também destacou a importância de se rever a atuação dos setores público e privado no transporte. O técnico do Ipea considerou que o investimento das empresas particulares no transporte brasileiro é possível, embora seja limitado em alguns setores.
No sistema de transporte mais comum no Brasil, as rodovias, os recursos públicos serão necessários majoritariamente. A explicação é de que o setor privado tem interesse na concessão de até 15% da malha rodoviária, por conta do fluxo de veículos e de sua demanda. De acordo com Campos Neto, cerca de 13% dessa malha já está nas mãos de empresas privadas. “Como esse teto já está praticamente atingido, o restante da malha necessitará apenas de recursos públicos, tanto para manutenção como para ampliação”, afirmou o técnico.
Na infraestrutura rodoviária, entre 2003 e 2010, os investimentos no país cresceram 792%, passando de R$ 1,3 bilhão para R$ 10,3 bilhões. Apesar da evidente expansão, para atingir as condições adequadas a um país desenvolvido, caso o Brasil alcance esse patamar, os números deixam muito a desejar, de acordo com análise constante do livro.
Na questão das ferrovias, toda a expansão da malha está programada para receber investimento público, embora a operação posterior possa ser feita por empresas privadas, por meio das outorgas. O técnico do Ipea considera, entretanto, que os investimentos em ferrovias são muitos pesados e tipicamente públicos.
Já a respeito dos aeroportos brasileiros, o estudo do Ipea defende uma combinação entre recursos públicos e privados. Empresas têm interesse na administração dos maiores aeroportos brasileiros e na construção de novos. E o Estado, por sua vez, será responsável pelo restante dos aeroportos, aqueles com menor fluxo de passageiros, mas terá papel importante nos sistemas de controle de tráfego aéreo, que deverão continuar sob a responsablidade do setor público, segundo destaca a publicação.
Fonte: Rede Brasil Atual