Jornal de WM: Mobilidade de maio

Maio será o mês da mobilidade urbana. Houve um tempo – faz muito tempo – era cantado como o mês das flores, dividindo o pódio com as noivas. Sabe-se hoje que se casam menos em maio. Não sei por que e me parece que o tema não tem atraído o interesse da sociologia e muito menos da crônica social agora de olhos mais voltados para outros negócios, bem mais rentáveis, mais precatórios. Tirei essa coisa de maio envolvido com a tal mobilidade urbana lendo um dos editoriais de ontem do Estadão. Título: “Desafio da mobilidade urbana”.

A expressão está todos os dias nos jornais, televisão, internet. Desconfio que exista até repórter com doutorado em “mobilidade urbana” (quando foi mesmo que surgiu tão expressão?). Os jornais de Natal, por exemplo, não falam de outra coisa, até porque atrás do bicho há a tal Copa do Mundo de 14. E para a civilização brasileira o fato mais importante desta e das próximas décadas é a Copa do Mundo. A saúde, Educação, segurança pública são coisas de várzea, sem importância nenhuma, última categoria, bufalubiu mesmo. A prefeita de Natal, por exemplo, é peagadê em “mobilidade urbana”. Só que no caso dela, da alcaidessa, ninguém consegue se mover na cidade.

E onde é que entra maio nessa história. Bom, o editorial faz todo um histórico do problema, desde o anúncio pela presidente Dilma Roussef das propostas de construção da  VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e de corredores urbanos em 51 grandes cidades (Natal está na rota). O Governo vai investir 22 bilhões (PAC 2 Mobilidade Grandes Cidades) nos projetos e outros 10 bi sairão dos cofres estaduais e municipais. Imagino como estão os cofres municipais de Natal.

Segundo o Palácio do Planalto, o plano de melhoria urbana beneficiará 53 milhões de pessoas que vivem nessas 51 cidades (Natal no meio) e que os estados e municípios terão um prazo de 18 meses (imagine, Natal…) para a conclusão dos projetos. Leio mais no editorial: “O objetivo do PAC é melhorar as condições de deslocamento nas grandes cidades, por meio do transporte público de média e de alta capacidade, ou seja, sistemas metroferroviários.” Imagine o metrô de Natal: Ribeira- Alecrim- Quintas-Soledade 2 – aeroporto São Gonçalo.

Leio essas coisas e procuro saber como vai o PAC 1, o da transposição do Rio São Francisco. Atrasadíssimo, vários trechos paralisados. E que danado o mês de maio tem a haver com essa ópera. Está escrito no editorial: “Agora, na tentativa de apressar a sua execução, o Ministério das Cidades decidiu que, a partir de maio, todas as obras de mobilidade urbana previstas para as cidades que serão sedes da Copa do Mundo de 2014 serão fiscalizadas”.

Antes que eu esqueça: maio começou. Sem flores e poucas noivas.

Fonte: Coluna ‘Jornal de WM’ / Tribuna do Norte

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