Presenciei uma cena super interessante dia desses. Na parada do Praia Shopping, em Capim Macio, um casal de turistas embarcou em um ônibus da empresa Reunidas, linha 26 (Soledade I/Ponta Negra), quando, ainda nos primeiros degraus, um deles abordou o motorista e o indagou: “Ponta Negra beach?” – Referindo-se àquele ônibus, questionando se ele iria para a Praia de Ponta Negra. O motorista prontamente respondeu: “Not, not! Forty Six yes” – direcionando o casal de turista para embarcar no ônibus da linha 46 (Ponta Negra/Ribeira – Via Praça Cívica).
O operador certamente deduziu que eles estariam hospedados em algum hotel da região e os encaminhou para o ônibus da linha 46, por ter um trajeto mais adentrado a região, visto que a 26 faz o trecho somente até o retorno da Av. Eng. Roberto Freire. De qualquer maneira, não quero tratar dos motivos e sim dos fatos.
Com aquela situação, fiquei pensando no quanto a língua e comunicação estrangeira tem estado na vida dos operadores. O caso nos mostra a que ponto a qualificação profissional já se faz necessária – nesta situação mesmo – por pura precisão. O tema também foi destaque recentemente em uma publicação do Portal Nominuto.com, onde, em uma coluna do site, foi relatada a história – não se sabe de verdadeira ou falsa – de turistas que chegaram a Natal de avião e se direcionaram de taxi do aeroporto até o hotel. No trajeto, ao passar pelos Reis Magos, um dos turistas atentou para o monumento e questionou o motorista:
– Olha! Os três Reis Magos! Lembro-me que um deles se chama Baltasar. O senhor sabe o nome dos outros dois? – perguntou.
– Zé Ramalho e Geraldo Azevedo – respondeu o motorista.
Independente da veracidade desta peripécia, o colunista expos a ideia de que ainda falta preparo dos nossos profissionais. Taxistas, ainda que autônomos, são peças fundamentais para a realização da copa e os avanços de uma cidade que tem o turismo como um dos principais geradores econômicos. Quanto aos ônibus, tempo desses estive pensando se as linhas de cunho mais turístico – linhas litorâneas e de regiões turísticas na capital, ainda que centrais – tem um crivo de orientação melhor aos operadores em relação a isso. Sinceramente, não sei!
Já faz tempo, ouço uma história (daquelas, mal contadas) que Natal teria uma linha de ônibus voltada para o turismo. Algumas capitais como Salvador e Curitiba já ofertam o serviço. Não sei como é feita a operação, mas este segmento de linha saindo do papel com a licitação, por exemplo, só reforça a ideia da necessidade do outro idioma. Ainda que haja 10 mil guias (com discreto exagero) dentro do ônibus, uma hora ou outra, dentro ou fora do atendimento, alguém – de outra língua ou não – pode questionar o motorista e ter uma comunicação não correspondida.
Pretendo ainda ligar para a Reunidas, empresa citada do caso, fazer o questionamento se há uma estrutura da empresa voltada para isso e, independente da resposta, parabenizar pela prontidão do operador. Pretendo também saber se todas as empresas do sistema buscam fazer esse investimento nos operadores. Como demonstrei, já é necessidade! Facilmente os turistas estão nos ônibus; Há preparo para eles? As empresas não podem dormir no ponto!
Thiago Martins