A queda nas vendas da Mercedes-Benz motivou a montadora a anunciar férias coletivas na fábrica de São Bernado do Campo, no ABC paulista, entre 2 e 11 de abril, para os trabalhadores ligados à produção de ônibus e caminhões. A informação das coletivas foi confirmada pela empresa. Dos 14 mil empregados, pelo menos 8 mil devem parar.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, um dos principais motivos da queda nas vendas é a mudança nos motores dos veículos, que a partir deste ano devem atender à norma Euro 5, que exige a produção de motores menos poluentes.
“Os novos motores têm a vantagem de poluir menos o meio ambiente, mas deixaram os caminhões e ônibus mais caros. Além disso, eles usam um tipo de diesel com menos enxofre, que também é mais caro e está disponível em um número menor de postos de gasolina”, explicou Aroaldo Oliveira da Silva, coordenador do Comitê Sindical de Empresa (CSE) na Mercedes. Os trabalhadores cobram do governo um programa que incentive a produção dos veículos com motores Euro 5 para tirar o setor da estagnação.
Para o presidente do sindicato, Sérgio Nobre, a anúncio das férias coletivas é um prenúncio de que a economia brasileira está esfriando. “Por isso, estamos no debate sobre a desindustrialização. A nossa reivindicação de isenção do Imposto de Renda na participação nos lucros ou resultados (PLR) não é só mais por justiça tributária. É uma medida importante para reaquecer a economia brasileira”, disse Nobre.
“Vamos aguardar atentamente o resultado da produção do mês de março. Entre janeiro e fevereiro em comparação com o mesmo período do ano passado, houve queda de 20% na produção de automóveis e no caso dos caminhões, 50%. A indústria automobilística é a base do emprego na região do ABC. Então, a situação é bastante preocupante. Isso coloca a questão do emprego no centro da discussão”, disse Nobre. Para ele, a medida da montadora alemã é um sinal muito claro de que alguma medida precisa ser tomada.
A Mercedes-Benz informou que a empresa vai cessar a produção por sete dias úteis para ajustar o estoque à produção e à demanda. Segundo o diretor de comunicação, Mario Laffitte, a queda nas vendas é reflexo da introdução da nova legislação. “Muitos clientes anteciparam a compra de caminhões no final do ano para se valer da legislação anterior, que mudou em janeiro, e isso refletiu na demanda agora”, explicou. Dessa forma, os clientes fugiram do aumento do preço dos veículos pesados, que já saem adaptados à nova norma de emissão de poluentes.
Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o emplacamento de caminhões chegou a 23.947 unidades no país entre janeiro e fevereiro, registrando queda de 4,1% em comparação com igual período de 2011.
Scania: O vice-presidente do sindicato do ABC, Rafael Marques, informou que a queda nas vendas de caminhões e ônibus na Scania também é preocupante. Segundo ele, houve redução de 30% entre janeiro e fevereiro e a empresa informou que haverá algumas paradas na linha de produção ao longo do ano. “Nosso maior desafio na Scania diz respeito à manutenção dos trabalhadores contratados por prazo determinado”, afirmou.
Fonte: Rede Brasil Atual