Pró-Transporte: Entre o papel e a realidade

Duas semanas é o prazo que a Prefeitura de Natal acredita ser viável para começar as obras do Pró-Transporte. O projeto, que ficou atrasado durante anos em razão de um impasse entre os poderes municipal e estadual, será retomado pela duplicação da Avenida das Fronteiras, a partir da confluência com a avenida Paulistana. A prefeita de Natal, Micarla de Sousa, promete lançar na ocasião o “Nova Zona Norte”, um “pacotão” de ações em várias áreas que poderá preparar a região para a chegada do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante. No tocante às obras de responsabilidade do Governo do Estado, o Pró-Transporte começará pela construção do Viaduto da Redinha, na cabeceira da ponte Newton Navarro. Prefeitura e Governo assinaram, na última segunda-feira, um acordo dividindo as responsabilidades sobre o projeto.

O Pró-Transporte, considerado por muitos o projeto mais importante para a Zona Norte de Natal, deve mudar a região, caso saia do papel dessa vez. Com a finalização da obra, Governo e Prefeitura pretendem criar um corredor saindo do viaduto da Ponte Newton Navarro até a avenida Tomaz Landim, passando principalmente pelas vias Conselheiro Tristão, Moema Tinôco, Rio Doce, Tocantínea e Fronteiras.

Lançado há sete anos e praticamente com apenas duas intervenções realizadas (Avenida Itapetinga e Viaduto das Fronteiras), a conclusão do Pró-Transporte é motivo de desconfiança para população, principalmente a mais atingida pela falta de infraestrutura das vias que serão contempladas pela mudança. É o caso da Moema Tinôco, conhecida pelos constantes alagamentos, e pelos prejuízos causados aos moradores. Elival Cândido Nascimento mora no local há mais de 50 anos, e disse que já escutou várias vezes que as obras começariam, e até hoje não foram iniciadas. “Há muito tempo um homem olhou as casas e disse que outro passaria depois aqui, mas não veio mais ninguém”, declarou.

Mesmo sem chuva, a Moema Tinôco apresenta tantos buracos que se torna praticamente intrafegável. Os carros precisam fazer manobras de todos os tipos para conseguir atravessar o trecho que cruza com a Rua Santa Rita de Cássia. Situação que se repete nas ruas do entorno do Viaduto das Fronteiras, onde os moradores mais do que preocupados com a buraqueira, estão apreensivos sem saber como serão as desapropriações, que também acontecerão na Redinha.

Parceria: A Prefeitura realizará, com recursos próprios, as obras de recapeamento, meio-fio, sinalização, iluminação e abrigos de passageiros do trecho compreendido entre a Avenida das Fronteiras até a avenida Moema Tinôco, passando pela avenidas Rio Doce e Tocantínea. A avenida das Fronteiras será duplicada a partir da confluência com a Paulistana. Serão investidos cerca de R$ 7,2 milhões, completando os investimentos já feitos pela Prefeitura na área. O Governo fará a obra de ligação entre a ponte Newton Navarro e a avenida Tomaz Landim, passando pelas avenida Moema Tinôco e rua Conselheiro Tristão.Todas essas obras sofreram ao longo dos anos adiamento porque não houve entendimento entre o governo estadual e a prefeitura de Natal nas gestões anteriores e isso levou ao encarecimento da obra uma vez que o Estado não fez as desapropriações devidas, o que elevou o custo da obra para R$ 17 milhões.

Desapropriações custarão R$ 30 mi: A secretária estadual de Infraestrutura, Kátia Pinto, afirmou que serão gastos R$ 30 milhões somente com desapropriações. O valor que inicialmente era de R$ 6 milhões, na opinião da titular da pasta, apenas entrou em consonância com a realidade. “O viaduto da Redinha tem boa parte das desapropriações feitas. O que vai ter agora são pequenas interferências”, explicou. Kátia justificou que inicialmente as desapropriações era competência do município e passou a ser responsabilidade do estado através de um convênio, no qual a Prefeitura avaliava, resolvia as questões jurídicas e ainda repassava o valor dos imóveis. Pelo menos R$ 1,8 milhões repassados pelo Estado para Prefeitura não chegaram a ser pagos nas desapropriações. Conforme a secretária, essa responsabilidade agora é do Governo e a Prefeitura colocou-se disponível para ajudar na questão da logística do processo.

Foto: Ana Amaral (Diário de Natal)

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