Na última semana houve a solenidade de entrega dos 60 novos ônibus da empresa Transportes Guanabara. Outra questão por pouco não ofuscou os novos ônibus: Licitação. O assunto foi tema de uma matéria exclusiva aqui do Unibus também na última semana, e hoje trago a discussão das mudanças no nosso sistema após a licitação.
Muito além dos atributos políticos, a licitação de transportes remodela uma cidade. Capitais como Rio de Janeiro e Manaus realizarão licitação de transporte recentemente e a melhora no sistema de ambas as cidades é notória. Agora é chegada a vez de Natal. O edital, apetecido pelas empresas interessadas, já deveria ter sido publicado. As sete atuais empresas do sistema (Guanabara, Santa Maria, Nossa Senhora da Conceição, Via Sul, Riograndense, Cidade do Natal e Reunidas) já atuam no regime de autorização pela Prefeitura, apenas aguardando a publicação do intempestivo documento.
Os conchavos políticos fazem de um marco histórico-social algo corriqueiro. Sim! De uma hora para a outra, a licitação de transporte público entrou na pauta de praticamente todos os prefeitos do país (até mesmo de alguns governadores, como aqui no RN. Pasmem! Um estado com o órgão gestor falido como este, realizando licitação… É uma blague! Mas isso é tema de futuros textos). Agora, com a ‘moda’ dos gestores em realizarem licitações, o transporte público tem sua face mudada e a demagogia levada para cima dos palanques, pedindo votos por reeleição. A atual prefeita mira sua arma para trânsito e transporte, prometendo mundos e fundos com obras de mobilidades e um transporte melhor; Novas linhas de ônibus, novos trechos, novas empresas, novos costumes e mais empregos.
Mas já que falei em transporte melhor, vamos a possibilidade dele justamente com a licitação. Não é necessário ser especialista em transportes, nem se quer ter muito conhecimento na área, para reconhecer que o sistema de transporte de Natal está ultrapassado. Dentre as poucas informações fornecidas pela SEMOB – Secretaria de Mobilidade Urbana – até agora, a principal é que haverá redução no número de linhas: Das atuais 110, o novo sistema teria apenas 48. No reino das especulações, fala-se em um sistema de transporte mais ágil: As linhas seriam centrais, ligando bairros adjacentes ao principal pólo de demanda da região por linhas circulares; Já o principal pólo de demanda daquela região, teria suas linhas para as regiões de grande demanda da cidade, sendo esta feita com veículos de maior porte – entre alongados, trucados e articulados – e passando por grandes corredores.
Ótimo! O sistema de integração estaria perfeito. Mas… Como seria feita esta integração? Grandes terminais seria uma solução. O problema é que isso não está nos projetos da prefeitura (pelo menos nunca se falou). Isso resulta em uma péssima ação: As pessoas vão desembarcar dos ônibus e ficar jogadas na rua? Com os terminais, até mesmo as piores bibocas da cidade teriam facilidade de locomoção com linhas circulares; Haveria a integração por ônibus e seguidamente o Passe Livre, integrando a cidade numa dimensão muito maior. Aliás, falando em integração, os holofotes do município também estão voltados para os novos pólos de demanda. A prefeitura não pode só focar nesses locais. Hoje, ainda com o atual sistema, temos regiões (até com demanda considerável, vá lá!) que se quer a integração temporal resolve, resultado da falta de ação dos gestores, podendo ter estruturado melhor o sistema e não fazer tudo ‘em cima da hora’, correndo risco de erros.
Acreditem, ainda há muito que se discutir sobre isso. Não pretendo agora progredir ainda mais este texto. A princípio, a pretensão é discutirmos o amedronto que há na realização da licitação, do ponto de vista de um novo sistema. A promessa é que tudo melhore: para a prefeitura, para as empresas e para os usuários. Será que vai melhorar mesmo? Se formos mais a fundo – até em futuros textos – teremos que considerar desde assuntos mais corriqueiros e técnicos, como a padronização de pintura (por inteiro ou por tipo de serviço prestado); até assuntos mais complexos, como a região metropolitana de Natal – que, segundo boatos, passará a ser do novo sistema – e valores diferenciados de tarifas. Haja coração!
De certo, temos a clareza da necessidade da licitação. A prefeitura está com a faca e o queijo na mão para fazer os ajustes necessários e, de brinde, acender todas as luzes da ribalta para ela. Falta é saber fazer. Torcemos que saiba!
Thiago Martins