Editorial UNIBUS RN: Riograndense e litoral norte – Amor de carnaval



Nasceu Maria quando a folia perdia a noite, ganhava o dia;
Foi fantasia seu enxoval. Nasceu Maria no Carnaval.

Interpretada pelo cantor Roberto Carlos, a música Maria, Carnaval e Cinzas relata a história de uma recém-nascida que viveu apenas no período carnavalesco. Situação parecida tem a Viação Riograndense, esta, porém, com suas linhas do litoral norte, que são operadas apenas no carnaval, devido à alta demanda.


Este ‘amor de carnaval’, interessantíssimo de se ver, nos faz lembrar um passado recente, quando as linhas eram operadas diariamente. Nos saudosos domingos, os ônibus iam com lotação máxima em direção às praias – Pitangui/Natal, principalmente – mas sumiram de uma hora para a outra. Os alternativos tomaram o lugar e hoje, sem tanta tradição, atendem os trechos ainda pertencentes à Riograndense. É certo que a empresa não opera mais as linhas pelo simples fato de não querer mais ou não ter condições de concorrer com os opcionais. O fato, na realidade, foi à invasão de clandestinos que tomou conta do sistema semi-rodoviário/rodoviário do estado.

No início da última década, o estado já demonstrava seu desleixo com o transporte de quem aqui necessita. Bastou isso e o poder dos impostores (no sentido de quem não paga imposto) do transporte fez-se dominar no Rio Grande do Norte. Empresas se endividaram e faliram, funcionários perderam seus empregos e a população ficou sem transporte de qualidade. O estado também vive – até hoje – uma crise, demonstrando incapacidade em realizar projetos básicos no setor de transporte. Por vezes, passa a ideia de um descanso sabático… Longo descanso! O pior é que não há o mínimo vestígio de uma solução. Pelo contrário, só mais complicações.

A Riograndense, assim como todas as outras empresas do sistema rodoviário do estado são verdadeiras guerreiras, diferente de ex-governantes que utilizaram-se deste título e que pouco fizeram para melhorar nosso transporte. Elas fazem brotar rosas – também diferente de governantes que utilizam-se deste título – em jardins destruídos, por pura necessidade! Dívidas, salários, manutenção, ônibus novos… Um mar de intempéries em meio a pequenas gotas de soluções.

E assim, de carnaval em carnaval – pelo menos uma época festiva do ano – vamos vivendo de saudosismo o passado da boa operação do transporte no estado. Não só Riograndense de volta ao seu litoral norte, mas Jardinense, Nordeste, Alves e Cabral de volta aos tempos áureos do transporte no estado.

Morreu Maria quando a folia na quarta-feira também morria.
E foi de cinzas seu enxoval; Viveu apenas um carnaval.

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