Editorial UNIBUS RN: O sofrimento do folião do ônibus

Quer feriado melhor para descansar e/ou se divertir do que o carnaval? A folia de momo, sem dúvidas, é a melhor opção para quem quer sair da cidade em um feriado prolongado. Indo de ônibus, então, é prato cheio para não se ter responsabilidades com o seu veículo pessoal.

Porém, como tudo não são rosas, problemas deveriam acontecer. E houveram – muitos, aliás.

No carnaval deste ano, as empresas rodoviárias tiveram de rebolar para fazer da viagem do folião a melhor possível, mesmo que seja em veículos com poucas condições de rodagem.

A Oceano, por exemplo, colocou seus veículos da frota urbana para linhas como a que vai até a famosa praia da Pipa, em Tibau do Sul. Ficou feio para o turista.

Outra que dá sinais de encolhimento é a Jardinense. A falta de ônibus é tão grande que ela teve de recorrer ao aluguel de veículos. Apesar disso, não deu conta da demanda, pois uma de suas linhas ligava Natal simplesmente ao 3º maior polo carnavalesco do Nordeste – a cidade de Caicó. E os que ela tinha estavam em péssima conservação.

Nem mesmo as interestaduais escapavam das reclamações. A Progresso, por exemplo, recebia diversas reclamações dos usuários por não ter mais horários extras para Recife – e olhe que, para muitos, é a principal linha interestadual da empresa. Lastimável!

Porém, a situação mais vexatória passada no carnaval não foi por nenhuma dessas empresas. Por questão ética, não divulgaremos que companhia é essa, nem a linha em questão. Porém, a situação vivida por um de nossos colaboradores é tão absurda que merece destaque.

Terça-feira de carnaval, 17:00. Muitos já estavam saindo da cidade – grande polo carnavalesco no Estado – pois tinham atividades profissionais ao fim do carnaval. Era o último horário da linha e o ponto final estava lotado. E, para surpresa geral, a empresa disponibilizou apenas UM veículo para a volta a Natal, no último horário disponível naquele dia. Havia cerca de 35 pessoas a espera desse veículo, que já vinha de outra cidade, lotado. Muita confusão, empurra-empurra, briga e depredação da iluminação interna do ônibus foram alguns dos fatos vividos pelo nosso colaborador, que ainda teve de vir em pé, num pequeno espaço, sem apoio algum (imagine a situação em curvas e freadas), até próximo a entrada de Macaíba.

Situações como essa, infelizmente, são mais comuns do que se imagina. Isso é reflexo da falência do sistema de transporte rodoviário no Rio Grande do Norte. Como é que as empresas podem se desenvolver se o órgão gestor está falido, totalmente corrompido e não possui qualquer ação para se recuperar?

Perguntas como essa deverão ficar sem resposta ainda por um bom tempo, enquanto as autoridades não terem iniciativa de querer melhorar a situação daqueles que dependem do ônibus para visitar seus parentes ou trabalhar fora de Natal. Enquanto os braços estão cruzados, o usuário vai ficando a míngua e a pé.

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